Desde as primeiras cenas de Canções de Amor, Christophe Honoré deixa bem claro em qual terreno o espectador vai pisar. O diretor quer contar uma história romântica como tantas outras. Só que inverte papéis, acentua a tonalidade GLS e usa cantoria no lugar dos diálogos. Embora estranho e inusitado à primeira vista, não é preciso ir muito longe para saber sua fonte. A inspiração vem do musical e ícone do cinema francês Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), de Jacques Demy, referência na carreira do realizador. Ator-fetiche de Honoré, com quem trabalhou em Ma Mère (2004), inédito no Brasil, e no drama Em Paris (2006), Louis Garrel interpreta Ismaël. O rapaz vive um impasse afetivo. Apaixonado pela namorada, Julie (Ludivine Sagnier), tem de dividi-la com Alice (Clotilde Hesme). O triângulo amoroso sofrerá uma ruptura na primeira parte do roteiro - em outras duas serão abordados a ausência do amor e o recomeço da paixão, agora entre dois homens. Honoré foge do sentimentalismo barato e tem olhar clínico para registrar Paris, aqui sob o céu cinzento do inverno. Sublinhada por catorze melodiosas (e muitas vezes tristíssimas) canções de Alex Beaupain, a fita flagra romances, digamos, mais modernos. Mas sob o encanto e o arrebatamento dos folhetins do passado.
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